quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Sonho

Estavam no quarto dele. Dois jovens, um garoto e uma garota. Havia livros por todos os lados, uma escrivaninha cheia de revistas, desenhos incompletos, alguns lápis mordidos e sem ponta, muita coisa desnecessária e louça suja. Lara e Fábio conversavam na cama dele. Tudo aquilo parecia só um sonho, um fragmento de algo muito maior e perturbador. Realmente, nem sempre as aparências enganam. Estavam numa festa, quem sabe... os lugares têm a importância que damos a eles. E aquele quarto parecia muito importante.
Fábio e Lara trocavam conversa mole, poucas foram as vezes que gastaram tempo falando sobre coisas importantes. E o beijo entre eles valia mais do que qualquer conversa. Lara mordia os lábios dele, ele respondia respirando com os pulmões cheios. Era um misto de dor e prazer, mas poderia ser só o seu nariz trancado. Parou para respirar algumas vezes. Beijaram-se mais.

Em um certo momento, os olhos de Mariana passaram rapidamente pela porta entreaberta, em um ínfimo momento de desobediência e rebeldia contra o resto do corpo, que se unia para passar rapidamente pelo corredor, que não era apertado. Fábio não era o tal em captar pequenos momentos, mas esse jamais poderia passar desapercebido. Só podemos estar em uma festa, por que Mariana e Lara estariam no mesmo lugar? Enquanto Fábio pensanva, com os olhos fixos no armário estridente, Lara mentia que não deveriam mais ficar juntos. A distância seria o melhor para os dois. E Fábio apenas pensanva... pensava nos olhos fugidios que há pouco haviam lambido os seus.
A boca de Mariana não era muito de falar, mas dizem que os olhos podem falar muito mais. O que aqueles olhos quiseram lhe dizer? Os olhos de Mari e Fábio já foram de muita prosa. Conversavam sem nem fazer muito barulho. Por isso é que eles costumavam conversar bem de perto, tão perto que os respectivos donos eram obrigados a se abraçar, a sentar no colo do outro ou deitavam juntos. Só assim para um ouvir ao outro. E agora? a distância que os separou foi de uns 2 ou 3 metros. Só o que deu pra ouvir foi um grito alto e abafado, bem sofrido, mas incompreensível. Um pena. Já que os olhos não conseguiram comunicação, Fábio tentou se lembrar da pele branca e calma de Mari. A pele era muda, mas ouvia bem. A intérprete da pele era a respiração, mas a proximidade e o toque eram necessários.
Não havia modo de concluir nada. Então Fábio concluiu o óbvio: Mariana estava com ciúmes(bastante) por que vira ele e Lara aos beijos. Fábio ficou feliz e Lara ainda dizia que não deveriam ficar juntos. Fábio argumentou que não via problemas(gostamos um do outro!). Lara tentou se levantar, rangendo os estrados da cama, mas foi impedida. Agora eles veriam um ao outro por uns bons anos, seria melhor que se dessem bem.

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