segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Edifício

As paixões antigas: hipócritas
Voltam com apenas uma música.
Hipócritas que um acorde as acorda,
um cheiro as desperta, enquanto a vida segue.
Enquanto qualquer afeto as coloca no túmulo.

Teimam em voltar como fantasmas,
enquanto outro lábio é o sal grosso.
Voltam e querem nosso sangue,
enquanto o raio de luz são outros braços.

São como a procura de um ente querido.
Um ente querido que nunca mais fora visto.
Não se sabe se morto, seqüestrado, fugido.
Não é possível realizar o enterro.

Assim são as paixões antigas...
Não há corpo pra velar.
Não há vela de sétimo dia.
Nem há nada.

Só o tempo... que nos constrói e desconstrói.
Não o tempo ceifador de memórias, mas o tempo engenheiro civil.
O tempo encanador, pintor e batedor de massa.
O que vai e vem com novas paixões antigas.

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